
1 O hálito branco e ardente da manhã envolve e acaricia o delicado rosto de Suzy. Os seus olhos curiosos perdem-se na paisagem do sertão do Salgado, na localidade do Sítio Varjota, e parecem procurar algo distante, fugidio. Como uma poeira fina que escapa pelos dedos das mãos. Mas não é nesse lugar do Cedro que o seu olhar disperso busca respostas para o sonho tão real e colorido que há pouco tivera.
2 Suzy acordou entre dois mundos e algo além dos sentidos precisa ser agora percebido.
3 O vôo e o canto dos pássaros nutrem os ares com um sabor novo, diferente. Sim, o acordar trouxe consigo uma nova canção e, certamente, ela veio de um país longínqüo. Um lugar que existe no mais sagrado recôndito do seu ser.
4 Uma sintonia entre o céu e a terra é sentida por Suzy como mais um efeito daquele sonho que persiste em continuar nas entrelinhas da realidade.
5 Afinal, o que é sonho e o que é realidade?
6 Qual a barreira entre o silêncio e o som, a luz e as trevas, a vida e a morte?
7 Ou será que não há nada que separe os opostos, sendo apenas as faces de uma mesma moeda?
8 A garota não filosofa nem navega pelos caminhos mais altos da argumentação e da reflexão, entretanto as questões anteriores desabrocham em sua mente de uma forma mais simples e bela, algo próprio de uma criança. A sua idade não permite aprofundamentos mais sutis, mesmo assim alguma força invisível conduz os passos de Suzy pelas veredas do desconhecido.
9 Quem ou o que será?
10 Vem com a brisa ou desliza na claridade do sol?
11 Que mistério é esse, sem corpo, sem peso, sem cor, mas verdadeiro?
12 E o tempo corre desse modo... Ou será que o tempo parou?
13 O sol ameno das seis horas desdobra seus raios luminosos em uma atmosfera tranqüila. Ainda há sombras projetadas nos vales, porém o céu límpido anuncia que o dia será radiante como é de costume. E Suzy continua perdida em seus pensamentos... Apenas os anjos parecem escutar as ondas da sua alma e do seu coração.
14 Afinal, quem era a mulher tão bela, vestindo trajes brilhantes e transparentes, e que, segurando uma espada e um escudo de um metal especial quase semelhante ao aço, cortava cordas e correntes que prendiam seres humanos magros, feridos, sujos, debilitados? Enquanto libertava os cativos, ela oferecia em alguns instantes, com um amor incondicional, os seus sublimes olhos azuis e falava palavras com uma voz suave, mas firme, exortando Suzy para um novo ciclo de acontecimentos em sua vida.
15 - Prepara-te, pois novos horizontes e novas possibilidades se abrirão diante do teu caminho, Suzy...
16 Era possível existirem luzes tão claras e maviosas como aquelas que envolviam não só a esplêndida guerreira feminina, mas tudo próximo a ela?
17 E o que dizer do vívido perfume de rosas que permaneceu no ar por segundos quando Suzy acordou?
Obra registrada e protegida.
© 2007 Marcos Aurélio da Silva Costa
Direitos reservados pela Editora Campus Celestium.
Fortaleza – CE
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